VOCÊ DEVE INVESTIR EM SOFT SKILLS!

Há uma discussão recente na Europa e nos Estados Unidos em que se debate a efetividade de se cursar uma faculdade. Nesses locais, os cursos normalmente são pagos e custam caro. Então, a depender da formação escolhida e do valor investido, pode ser que o retorno no longo prazo não valha a pena, principalmente quando comparado ao que se ganha em outras carreiras que dependem mais de soft skills do que de educação formal.

No Brasil, os dados indicam que talvez essa argumentação ainda não faça muito sentido. Uma pesquisa de 2017 da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostra que, por aqui, um trabalhador com curso superior ganha, em média, 140% a mais do que outro que tenha apenas o nível médio [1]. É a maior diferença dentre os 40 países analisados na pesquisa.

Porém, as soft skills têm sido cada vez mais exigidas em processos de seleção e no desenvolvimento de carreiras. Embora um curso superior ainda seja um grande diferencial, no médio prazo a tendência é que por aqui o cenário se aproxime ao desses outros países.

O que são soft skills?

O ensino formal, assim como a prática de dia-a-dia, pode possibilitar o desenvolvimento das chamadas hard skills. Assim são chamadas as habilidades tangíveis, que podem ser aprendidas em salas de aulas, com materiais didáticos ou mesmo no exercício do trabalho, por meio do aprendizado tácito.

Já as soft skills são aquelas habilidades subjetivas, de difícil mensuração. Geralmente são associadas às formas de interação, relacionamento e gerenciamento de pessoas, projetos e processos. Incluem tanto habilidades interpessoais quanto atributos de carreira. Podem ser observadas enquanto características da personalidade que servem para influenciar diretamente na dinâmica de um ambiente corporativo e, consequentemente, afetar diretamente a produtividade.

Capacidade de liderança, gestão do tempo, automotivação, inteligência emocional e poder de negociação são algumas das soft skills em destaque nos dias atuais.

Por que desenvolver habilidades interpessoais?

De acordo com dados da PNAD Contínua de 2016, apenas 15,3% dos brasileiros têm ensino superior completo [2]. Sabemos que ter cursado a faculdade aumenta as possibilidades de se ter um bom emprego, mas não é uma garantia. Principalmente nessa atual situação de crise, não é incomum relatos de recrutadores que encontram 40, 50 ou até mais candidatos com as qualificações exigidas pra uma vaga.

Nesse cenário, o desenvolvimento de habilidades interpessoais torna-se fundamental. Por exemplo, a boa capacidade de se fazer networking pode ajudar, inclusive, nessa etapa da busca por um emprego. As indicações podem fazer toda a diferença para se conseguir uma boa oportunidade!

Além disso, as empresas começaram a valorizar mais seus profissionais e o comportamento humano. Então, por mais que ainda existam instituições que insistem em colocar os resultados financeiros em primeiro lugar e que só reconhecem gestores e colaboradores que batem determinadas metas, já podemos observar um número grande de organizações preocupadas com o bem-estar e com o desenvolvimento de seus funcionários.

Com certeza, quanto mais as empresas caminham nessa direção, mais as habilidades interpessoais se tornam importantes. Pessoas que sabem lidar com pessoas, que sabem tirar o melhor de cada um, que estejam aptas a mediar e resolver conflitos, que tenham boa capacidade de empatia, que consigam se adaptar rapidamente às mudanças e que se comuniquem de modo a se fazer entender são consideradas recursos-chave nessa realidade.

Como se preparar para o futuro?

O primeiro passo para desenvolver soft skills é, com certeza, passar por um processo de autoconhecimento. Isso porque são competências que não estão relacionadas a um diploma, que não podemos simplesmente aplicar uma prova para determinar se alguém tem ou não tem. Então, se conhecer e reconhecer a necessidade de melhorar determinado ponto se torna imprescindível para essa evolução.

Desenvolver soft skills pode ser algo bastante individual e depende do tipo de competências que se quer fortalecer, bem como do gap entre o estado atual e o estado desejado. Não existe uma metodologia única, o que serve para algumas pessoas dificilmente se aplica a todas.

Ao longo do tempo, você perceberá que já tinha ou passou a ter determinadas competências por meio do seu próprio histórico profissional. Por exemplo, você verá que não faz sentido dizer que tem facilidade para atuar em equipe, como sendo um tópico de seu currículo, e sim fará o registro dos projetos nos quais você atuou, quais eram as formas de interação entre as pessoas e os resultados que essas equipes atingiram.

A melhor forma de se avaliar essa evolução é, sem dúvidas, por meio de feedbacks. Saber qual a percepção das outras pessoas, bem como da própria instituição em si, a respeito das suas principais soft skills, bem como o que acham que é necessário desenvolver, é essencial para seguir adiante.

Conhecimento não ocupa espaço. Mesmo que ainda seja necessário investir tempo e dinheiro em educação formal, fica claro que temos que nos preparar para essa realidade em que as soft skills serão tão ou mais importantes do que o saber que se aprende em bancos de escola. Quanto antes se toma consciência disso, mais aumentam as chances de se estar apto a lidar com essa situação e se antecipar ao que está por vir.

 

Fontes referenciais:
Pesquisa e texto elaborado/publicado como “artigo” no Portal “Negócios com Café”, em abril de
2018.
Texto-base para introdução do livro “O que eles não te ensinam na Faculdade – as 10 habilidades que
todo negócio exige”.
Matheus Santiago
Consultor de Gestão / Mentor / Autor / Professor

[1] Disponível em: https://read.oecd-ilibrary.org/education/education-at-a-glance-2017_eag-2017-
en#page1. Acesso em abr.2018.
[2] Disponível em:
https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pnad_continua/default.sht
m. Acesso em abr.2018.
http://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1080569912460400. Acesso em abr.2018
https://repositorio.iscte.pt/handle/10071/13243. Acesso em abr.2018.

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